Canibais vendiam carne humana

17/04/2012 01:58

 

Canibais vendiam carne humana em coxinhas

 

 

Diário e Depoimento    

Diário

As investigações sobre o caso de canibalismo em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, continuam com cinco delegados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Garanhuns e de Crimes Violentos Letais Intencionais. Nesta quarta-feira (18), três irmãos de Jorge Beltrão - um dos suspeitos de assassinar, esquartejar e comer pelo menos oito mulheres - prestaram depoimento ao delegado Paulo Berenguer. Entre os assuntos abordados, os interrogados comentaram que estão se sentido ameaçados por um motoqueiro que está passando constantemente em frente a casa deles e questionando os vizinhos sobre a família que mora em Bairro Novo, Olinda. Por recomendação da polícia, os parentes foram encaminhados ao DHPP onde será averiguada a necessidade de proteção devido às ameaças.

A polícia também continua as buscas ao corpo de Jéssica Camila que teria sido a primeira vítima dos canibais, em 2008. Ela foi encontrada pelo trio de assassinos em um canal de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e foi convidada para a trabalhar com a família. Teria tido um caso amoroso com Jorge Beltrão. Após dois meses, a mulher - e sua filha, na época, com dois anos - tentou sair do convívio dos três suspeitos. Teve o anseio abortado e foi esquartejada. A filha da vítima continua em um abrigo em Garanhuns.

O trio foi preso na última quarta-feira (11), quando os corpos de duas vítimas foram encontrados no quintal da casa em que moravam. Bruna Silva e Isabel Pires estão presas na Colônia Penal Feminina de Buíque e Jorge Beltrão está no Presídio Desembargador Augusto Duque, em Pesqueira.

 

Com informações do repórter Raphael Guerra, do Diario de Pernambuco

 

Junto com os suspeitos, os investigadores apreenderam um diário. No caderno, uma das criminosas revelaria detalhes dos crimes, afirmando que eles eram premeditados. Em um dos trechos, segundo o delegado, ela teria escrito: “Faz exatamente uma semana que uma segunda missão que fizemos, que foi a eliminação de um ser, (...) Agora nos preparamos para uma terceira missão”.

O diário teria ainda desenhos de como os corpos eram enterrados e os motivos para as mortes.

 

Depoimento

O trio preso em Garanhuns suspeito de canibalismo teria afirmado em depoimento à polícia que usava parte da carne das nádegas e das coxas das vítimas no recheio de salgados como coxinhas e empadas, que eram vendidas na cidade do agreste pernambucano. A informação foi confirmada ao R7pelo delegado Wesley Fernandes.

— Eles disseram que usavam principalmente parte das coxas, braços e nádegas das vítimas. Não temos como provar isso, mas pela veracidade de outras coisas que eles disseram é possível que seja verdade.

Os salgados eram vendidos por uma das suspeitas, que trabalhava como vendedora ambulante. Ela oferecia as coxinhas e empadas aos funcionários do comércio e a restaurantes da cidade.

Segundo Fernandes, o trio teria matado e comido pelo menos oito mulheres. Até o momento, porém, pedaços dos corpos de somente duas das vítimas foram localizados. O delegado afirma que os assassinatos faziam parte de rituais. As vítimas eram mortas a facadas e esquartejadas. Em seguida, o trio bebia o sangue e se alimentava da carne das mulheres mortas por quatro dias.

— Eles falaram que esse era um período de purificação, em que só comiam a carne humana. Os restos eram enterrados.

 

Os suspeitos de cometer a barbárie formam um triângulo amoroso composto por um homem e uma mulher de 52 anos, que seriam casados, e uma jovem de 23. Em depoimento à Polícia Civil, eles disseram que usavam carne humana para produzir salgados, que eram vendidos à população e servidos como refeição, inclusive para a criança. 


Os suspeitos ainda confessaram guardar parte dos corpos das vítimas na geladeira. 

De acordo com a polícia, os suspeitos falaram que faziam parte de uma seita, que pregava a purificação do mundo e a diminuição populacional. A meta seria matar três mulheres por ano. 


O homem suspeito de comandar o trio nos assassinatos fez um livro, ilustrado e registrado em cartório, onde conta detalhes dos crimes e da vida dele. Nas páginas, há informações de que ele era formado em Educação Física e faixa preta em caratê. 


A polícia começou a desvendar o crime quando encontrou os restos mortais das mulheres na residência deles. Um dos dois corpos seria de uma mulher desaparecida desde fevereiro; o outro, de uma mulher de 20 anos, que sumiu no dia 15 de março. Depois de as famílias das vítimas prestarem queixa, a polícia localizou o trio quando uma fatura de cartão crédito chegou à casa de uma das vítimas. Imagens das câmeras de segurança de lojas onde as compras foram efetivadas mostravam os suspeitos. 


As vítimas também teriam sido vistas perto da casa dos investigados antes de desaparecerem. A polícia conseguiu mandados de prisão e de busca e apreensão e, ao ser abordada, uma das mulheres teria assumido os crimes e revelado o local onde os cadáveres estavam enterradas. 


Segundo a polícia, a menina de cinco anos que morava com o trio testemunhou os crimes cometidos na casa. Em depoimento, ela contou que o pai teria cortado o pescoço das vítimas 

Oferta de trabalho 

Ainda de acordo com a investigação, as vítimas eram atraídas pelos suspeitos com ofertas de emprego. Os depoimentos apontam que os criminosos escolhiam as mulheres que eles acreditavam serem "pessoas más". 


Os investigadores descobriram que uma das mulheres presas suspeita dos crimes usava uma identidade falsa. O documento pertencia a uma das mulheres mortas pelos criminosos em 2008. A Polícia Civil investiga se uma criança encontrada com os suspeitos era filha dessa vítima. A menina de cinco anos foi encaminhada para o Conselho Tutelar e, segundo conselheiros, está bastante abalada. 


De acordo com o delegado, a criança também era alimentada com carne humana. A polícia investiga, inclusive, se os suspeitos teriam dado carne da mãe à garota, logo após seu assassinato. 
— Os parentes disseram que quando a mulher desapareceu, em 2008, a criança também sumiu. Vamos apurar o parentesco e, se ficar comprovado, eles poderão ficar com a criança. 

Fernandes contou que uma nona mulher estava para ser morta, mas teria faltado à ‘entrevista’ de emprego anunciada pelo trio. Os policiais investigam outros crimes atribuídos ao grupo.